Quando a edição digital da Glamour UK apresentou um homem grávido na capa, houve muitos comentários polêmicos sobre o assunto. É a história de Logan Brown, que se tornou um pai feliz com sua parceira e agora está criando sua filha.
Logan conta que, quando era mais jovem, tentava esconder seu corpo usando roupas de menino, mas acabava as tirando por vergonha. “Era muito difícil passar por isso o tempo todo e não falar com ninguém sobre o assunto. Não havia nenhuma informação disponível para que eu pudesse me identificar. Eu não percebia que ser trans é quem eu sou. Tive uma saúde mental muito ruim enquanto crescia. Estava sempre fazendo terapia. Quando eu tinha 13 anos, me assumi lésbica e acho que isso teve mais a ver com a maneira como eu me vestia, como uma ’moleca’, as pessoas me diziam que eu era lésbica.” Ele explica que gênero e sexualidade são duas coisas completamente diferentes, e ele chegou a essa conclusão com o passar dos anos. Antes de fazer a transição, ele tinha tido alguns relacionamentos com mulheres, até decidir se focar em si mesmo.
Bailey Mills é o parceiro de Logan, e eles se conheceram há cerca de dois anos. “Eu me deparei com alguns dos vídeos dele e pensei: ‘Quem é ele?’ Senti que podia me identificar com ele, por ser o desajustado o tempo todo. Depois, vi um vídeo mais vulnerável dele, e foi aí que pensei: ‘Ele é um pouco como eu’. Eu simplesmente lhe estendi os braços e então saímos para um encontro. Não foi um encontro normal, foi um caos.
Em uma manhã, Logan acordou com uma sensação estranha e decidiu fazer um teste de gravidez. Ele havia parado de tomar testosterona por um tempo, devido a alguns problemas de saúde e, para sua surpresa, o teste deu positivo. Inicialmente, ficou apavorado e sentiu que toda a sua masculinidade havia sido apagada. Ele acordou seu parceiro e lhe contou sobre a gravidez.
“Por fim, eu disse: ‘Estou grávido’, e tive um momento em que pensei: ’Tudo bem’ – e depois passei a pensar: ’Oh, não, isso não é bom. E quanto à minha carreira? Você é… você é um homem grávido! E nós dois estávamos sempre fazendo aquele vai e vem de ‘Oh, meu Deus.’ E ficamos sem nos falar por duas horas. Depois disso, conversamos um pouco, mas a reação foi uma mistura de emoções para nós dois. De certa forma, parecia que tudo estava em mim, porque é o meu corpo. Eu me senti dono da situação.”
“Tive de chegar ao ponto de me sentir confiante com quem sou e com o fato de ser um homem grávido. Comecei a educar as pessoas sobre isso. Percebi que não queria a ideia de ter de me livrar do bebê quando ele estava acontecendo dentro do meu corpo, era uma sensação muito, muito estranha. E eu meio que me conectei a isso e pensei: ’Nunca mais terei essa oportunidade’ de, como um casal gay, ter um bebê biologicamente nosso. O que é muito especial para mim e, por fim, algo se encaixou.
Ir a hospitais foi uma experiência muito difícil para ele
“Minhas consultas foram positivas nos estágios iniciais em clínicas menores e eu tinha a mesma parteira o tempo todo, o que foi muito importante. Mas recentemente mudamos de casa e precisei mudar de hospital, é um hospital muito maior, e não tive a melhor experiência. Fui maltratado pela equipe e ninguém realmente se virou para mim e disse: ’Você está bem?’”
Logan acredita que os funcionários do hospital deveriam receber treinamento sobre LGBTQ+ para aprender como falar com as pessoas. Mais casos como o dele existiram e continuam a aparecer todos os dias, portanto, as pessoas que trabalham no setor de saúde devem estar cientes disso, segundo ele. “Sou um homem trans grávido e eu existo. Não importa o que digam, sou a prova viva.”
Ele deu à luz uma menina
A bolsa de Logan se rompeu por mais de 24 horas e ele foi induzido por 3 dias devido a algumas complicações com o crescimento do bebê. “Quando finalmente entrei em trabalho de parto, foi ótimo porque eles realmente atenderam às nossas necessidades. Eles diminuíram as luzes para mim e para o Bailey devido ao nosso TDAH e autismo. Tínhamos uma lista de músicas e eu passei por todos os procedimentos que você possa imaginar.”
Ele continua: “No entanto, nós dois pegamos uma infecção porque a bolsa ficou aberta por 24 horas, e ficamos no hospital por uma semana. Então, eu me senti um pouco desconectado, e Bails teve de cuidar dela inicialmente. Mas foi ótimo, porque tivemos o apoio das parteiras do hospital, e todas as coisas que tivemos que aprender, aprendemos no hospital.”
“Sinto-me como se tivesse acabado de sair de um sonho em que estive nos últimos dias… Eu apenas olho para ela e penso: ’Uau, você é realmente preciosa’. Eu achava que era muito organizado, mas nada poderia me preparar totalmente para tudo isso. Eu esperava que algumas coisas fossem difíceis, mas que grande conquista; somos muito, muito sortudos”, disse ele.
Precisamos de um tempo para amadurecer e descobrir quem somos. E há exemplos de várias celebridades transgêneros que aceitaram suas identidades e hoje são um sucesso histórico.