Colocar o gin e as gotas de vermouth branco seco no copo mixing glass, misturar rapidamente, coar para taça short drink previamente gelada, acrescentar um zest de limão sobre o drink e decorar com uma azeitona.
O Dry Martini, é magia, é imaginação e também perfeição. Gin e Vermouth Seco, o que haveria de especial em tanta simplicidade? Era início do século XX e Nova York prosperava alegre, bonita e fervilhando de bares, cafés, hotéis e restaurantes. Mas, havia um lugar em especial que o maior Magnata da época elegeu para seu Happy Hour… depois de mais um longo e duro dia de trabalho. Estamos falando do milionário John Delano Rockefeller Junior, o homem mais rico e poderoso dos Estados Unidos e com um tino comercial que se fazia admirar até mesmo por seus maiores inimigos e concorrentes da indústria petrolífera, movida pelo recém criado automóvel em série…criado por “Ford”.
Do outro lado, havia um Barman de frágil aparência, alegre, simpático, e acima de tudo determinado em sua arte e em seu trabalho. Descendente de Mexicanos, seus pais eram imigrantes fugidos da miséria do país. “Martinez…O Grande”, como era conhecido pelos seus amigos, apesar de toda a sua fragilidade física e baixa estatura, era considerado muito inteligente, rápido e perspicaz. O encontro seria inevitável, Rockefeller acostumado ir com frequência ao bar do Hotel Knickbocker, sempre nos finais de tarde… onde tranquilamente terminava a leitura de seu “Wall Street Journal”… e aproveitava para tomar uma bebida, e Martinez recém contratado para ser o novo Barman do hotel, e que ouvira o Maitre D’Hotel dizer, que algumas tardes frequentava o bar do hotel a pessoa mais rica e poderosa dos Estados Unidos. Martinez estava ansioso para poder conhecê-lo e atendê-lo.
Certo dia num final de tarde, estava Martinez preparando-se para mais uma noite de trabalho, quando entrou em seu bar um senhor sisudo, meia idade e com cara de poucos amigos. Jornal debaixo do braço, chegou e foi sentando-se em uma das mesas, abriu seu jornal e lentamente começou a ler. O simpático Martinez, avidamente foi ao seu encontro. Aproximou-se e ofereceu-lhe uma bebida para tentar quebrar o gelo, sem ter muito o que dizer entre cliente e Barman no primeiro contato.
Rockfeller então, com sua penetrante expressão, baixou o jornal e medindo Martinez de cima para baixo… E hesitante por um certo momento, mas, logo em seguida como se quisesse lançar um simpático desafio para aquela figura que se encontrava a sua frente, e também por haver interrompido-o, quem sabe justamente no momento que descobrira alguma formúla para ganhar mais alguns milhares de dólares, disse-lhe…
“Sim, gostaria de beber algo jamais experimentado por qualquer outra pessoa.”
Martinez gelou por alguns instantes, mas, rapidamente recobrando toda a sua altivez e novamente colocando seu ágil cérebro a pensar, encheu-se de brio, e como que por telepatia, e sentindo que estava sendo desafiado, buscou dentro de si forças e pensou…
Eu sou “Martinez, O Grande”. Minha Bisavó foi criada do Libertador das Américas, Simon Bolívar. Meu Avô lutou ao lado do Exercito revolucionário de Zapata, o Heróico guerrilheiro mexicano… e… eu não posso ser desafiado por este “Gringo” desta maneira sem responder a altura. Pensou então…
“Que Hombre seco! – E para los secos, nada mejor que el gin”. Verteu então uma dose bem generosa de Tanqueray London Dry Gin em um Mixing Glass com gelo, e sem que Rockefeller percebesse, derrubou algumas gotas de Vermouth Francês Noilly Prat na mistura. Como foram apenas gotas, o milionário que acompanhava tudo a distância… com muita admiração durante toda a performance de Martinez, não percebeu o truque do Vermouth seco. Martinez mexeu rapidamente a mistura e despejou-a em uma taça de haste fina, de borda delicada em cristal transparente e perfeitamente gelada. E como que para finalizar a obra de arte recém criada, pincelou-o com um “Zest de óleo aromático, proveniente de um Twist de Limão”, colocando-o sobre a bebida, criando um raro espetáculo flutuante e aromático.
Então, enchendo-se de coragem e orgulho de sua mais nova criação, ofereceu-o ao milionário John Delano Rockefeller. O sisudo senhor, neste momento já mais relaxado e um pouco mais simpático, tomou um pequeno gole, sem não antes, ter apreciado toda a simplicidade daquela bebida que ele imaginara como sendo apenas gin com perfume de casca de limão, sentiu a principio toda a secura em sua boca, mas que alguns instantes depois seria invadida por sabores e aromas os mais diversos e incríveis, jamais por ele sentido em qualquer outra bebida que já havia tomado. Então, como num espasmo de encanto pela bebida e admiração instantânea por aquele profissional, e em sua santa ignorância de Anglo-saxão e naquele instante já totalmente relaxado e a vontade, voltou-se para Martinez… que o aguardava ansioso como todo grande artista quando expõe sua mais nova criação… e disse-lhe:
Very Dry… Very Dry… Martini…
Desde aquele instante para felicidade de uma legião de apreciadores de “Martinis” de todos os lugares do planeta, nascia, além de uma grande amizade entre Rockefeller e Martinez, o “Rei dos Cocktails” e que foi batizado pelo artista, como auto-retrato de “Criador e Criatura” e por isto mesmo, chamado naquele momento de “Dry Martinez“ … e com o passar dos anos, tornou-se simplesmente o “Dry Martini”.