Rebelião de Melara e comparsas no presídio Central

Dilonei Francisco Melara foi um criminoso que liderou o maior motim da história de Porto Alegre. Ex-agricultor nascido em São José do Ouro, Melara ingressou na carreira criminosa assaltando táxis e ônibus em Caxias do Sul, nos anos 70.
Nos dias 7, 8 e 9 de julho de 1994, ele e seus parceiros da prisão, fizeram 27 reféns, escaparam do presídio Central de Porto Alegre e invadiram, com um taxi, o saguão do Hotel Plaza São Rafael. O incidente causou a morte de cinco pessoas e um dos reféns ficou paraplégico.

O Brasil vivia a expectativa do jogo com a Holanda, pelas quartas de final da Copa do Mundo dos EUA, que seria realizado no dia seguinte. No Hospital Penitenciário, em prédio anexo ao Presídio Central, 10 dos mais perigosos criminosos do Estado, integrantes da Falange Gaúcha (primeira facção do Estado), davam sequência a um motim iniciado na véspera, eles tinham em seu poder, sob ameaça de armas, 24 reféns.

Dois deles, por exigência dos demais, haviam sido buscados na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) e levados para lá durante a rebelião: Dilonei Francisco Melara, então maior líder dentro do sistema penitenciário gaúcho, e Celestino Linn, considerado seu “braço direito”.
À noite, o clima de apreensão foi transferido para as ruas de Porto Alegre. Após mais de 24 horas de negociação, os 10 presos foram liberados a deixar a prisão em três Gols, com nove reféns. Uma perseguição policial, que contrariou as tratativas, resultou em tiroteios, acidentes e na morte de quatro amotinados e um policial civil.
Um dos carros, com três apenados e três reféns, seguiu para o bairro Lomba do Pinheiro, onde caiu em um atoleiro. Os três criminosos foram mortos pela Polícia Civil. Dois reféns escaparam ilesos e o terceiro sobreviveu, apesar de ter sido atingido por 11 tiros durante a ofensiva policial.
Outro Gol, também com três fugitivos e três reféns, sofreu uma acidente nas proximidades do Shopping Iguatemi. Após a colisão em um poste, um dos criminosos foi recapturado por um guarda do centro de compras, outros dois fugiram a pé, e os reféns foram liberados.
O carro no qual estavam Melara, Linn, Fernando Rodolfo Dias, o Fernandinho, e Carlos Jefferson dos Santos, o Bicudo, com duas estagiárias de Psicologia e o diretor do Hospital Penitenciário, Claudinei Carlos dos Santos, sofreu uma pane no bairro Petrópolis. Neste instante, o policial civil João Bento Freitas Nunes, que tentou se aproximar, foi baleado e morto. Bicudo, aproveitando-se da confusão, fugiu a pé.
O auge da ofensiva criminosa foi a invasão do Plaza São Rafael, então principal hotel da cidade, por um táxi no qual estavam Melara, Linn e Fernando Rodolfo Dias, o Fernandinho, com três reféns. Era o quarto automóvel utilizado pelos criminosos na fuga.

O veículo, após derrubar a porta de vidro do estabelecimento, foi estacionado no saguão, que provocou pânico e correria entre psiquiatras que participavam de um congresso no local.
Ferido com impacto da colisão, Linn acabou dominado por policiais e, com isso, um dos reféns foi liberado. As outras duas foram mantidas por Melara e Fernandinho, que ainda dominaram uma funcionária do estabelecimento e a obrigaram a seguir com eles até uma sala na qual se refugiaram. Foram necessárias mais 15 horas de tensas negociações até que a dupla decidisse se entregar. Linn morreu no dia seguinte, no Hospital Penitenciário

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