No dia 12 de junho de 2000, exatamente as 14:20h, ocorria no Rio de Janeiro um dos sequestros a mão armada que chocaria o Brasil. O ônibus que fazia a linha 174 Central-Gávea, foi rendido na região do Jardim Botânico pelo criminoso Sandro Barbosa do Nascimento, de 21 anos, que era um dos sobreviventes da Chacina da Candelária.
Enquanto estava no ponto, ele havia dado o sinal e entrou no ônibus vestindo uma bermuda, camiseta e com o revólver 38 à mostra, rendendo todos os passageiros presentes. Sandro pulou a catraca e se sentou perto de uma das janelas.Vinte minutos após o coletivo ser detido, um dos passageiros conseguiu avisar para uma viatura da polícia que passava na rua, e logo o transporte foi interceptado por dois policiais. Nesse momento, o motorista, o cobrador e alguns dos passageiros conseguiram escapar, porém, 10 acabaram permanecendo como reféns pelo criminoso. A primeira a ficar na mira da arma de Sandro foi Luciana Carvalho, que foi levada até a frente do veículo e obrigada a dirigir o ônibus, antes que o bandido efetuasse o primeiro disparo em direção ao vidro do coletivo. Sua atitude foi com o intuito de amedrontar todos os fotógrafos e cinegrafistas que estavam presentes no local.
O primeiro refém a ser liberado foi o estudante de administração Willians de Moura, sobrando apenas mulheres no transporte. Logo após, Janaína Neves foi rendida e forçada a escrever nas janelas com batom frases como: “Ele vai matar geral às seis horas” e “Ele tem pacto com o diabo”. A mulher também sofreu um dos momentos de maior tensão de todo o crime, quando foi coberta com um lençol em sua cabeça e a disse que iria contar até cem e, quando terminasse, iria matá-la. Quando acabou a contagem, fez com que ela se abaixasse e fingiu atirar na mulher, para utilizar como ameaça para a polícia. Todos os acontecimentos eram transmitidos ao vivo pelas principais emissoras para todo o país. A presença da imprensa fez com que Barbosa utilizasse as câmeras para transmitir todas suas ameaças e aterrorizasse cada vez mais todos que presenciavam a cena do crime.
Pouco tempo depois, Damiana Nascimento Souza, de 40 anos, foi liberada após passar mal e ter um derrame. A mulher já havia tido outros dois AVCs, e acabou ficando com diversas sequelas depois de ter o terceiro durante o sequestro. Toda a operação durou cerca de cinco horas, e foi finalizada após Sandro descer do ônibus utilizando a professora de 21 anos, grávida de dois meses, Geísa Firmo Gonçalves, como escudo. Quando ambos estavam do lado de fora do veículo, um dos oficiais do Grupamento da Intervenção Tática atirou, mas acabou acertando na refém, que recebeu mais disparos do bandido e faleceu na hora.
O criminoso foi rendido e preso, sendo morto momentos depois dentro da viatura policial por asfixia. O caso inspirou o filme Ônibus 174, lançado em 2002, com a direção de José Padilha, e conta um pouco sobre a infância conturbada de Sandro.