Com certeza você já ouviu a expressão “Tudo o que ele toca vira ouro!” ou “O toque de Midas“. Na mitologia grega, Midas era um rei que recebeu do deus Baco a concessão de um pedido em gratidão por ter ajudado o seu pai Sileno, a voltar para casa. Midas, então, expressou o desejo de tornar-se o rei mais rico do mundo, pois queria que tudo o que ele tocasse, logo virasse ouro. Claro que a história não acaba bem, imagine não conseguir comer, não poder tocar a pessoa amada, etc…
Conforme a mitologia grega, tudo que Midas tocasse virava ouro. A lenda pode ter nascido no reino da Frígia, atual Turquia, no século VIII a.C. Tudo indica que a região era rica nos elementos zinco e estanho, que juntos formam o latão. Pode ser que o brilho dourado do latão tenha iludido os súditos do rei. A história foi posta à prova em 2007, quando um professor de metalurgia da Universidade de Ancara, capital da Turquia, montou uma fornalha primitiva para derreter os minérios locais. O resultado foi uma barra dourada. Não dá para afirmar que os antigos acreditavam realmente tratar-se de ouro, mas bastava que alguns acreditassem para a lenda se espalhar.
Hoje dizemos que uma pessoa possui o “toque de Midas” quando parece ser capaz de fazer prosperar qualquer negócio, criar riquezas e multiplicar lucros. E costuma ser considerado um elogio para pessoas bem sucedidas na arte do enriquecimento e da cobiça.
Ouro de tolo
Se Midas era capaz de transformar qualquer coisa em ouro, a natureza tratou dela mesma transformar ouro em algo sem qualquer valor. Na verdade, criou a pirita (dissulfeto de ferro), que ironicamente brilha mais e é mais dourada que o ouro de verdade. Daí ser conhecida como ouro dos tolos.
Na Austrália, porém, a natureza foi ainda mais perversa. Em 1893, uma corrida do ouro levou milhares de pessoas para o outback australiano. O local se tornou rapidamente uma cidade, feita com pedregulhos que os mineiros achavam não ter valor. Na verdade, a cidade foi construída com algo mais precioso.
O ouro, por causa de suas propriedades químicas, não se liga a quase nenhum outro elemento. A exceção é o telúrio, de que resulta a calaverita, ou telureto de ouro, que é amarelo e lembra levemente o ouro. Até que alguém na cidade tomou consciência de que estavam jogando fora era calaverita e que, pior, era muito fácil separá-la do ouro. Resultado: a cidade foi praticamente colocada abaixo pelos mineiros. Chaminés, calçadas e até o pavimento das ruas foram arrancados à base de picaretadas. A região de Kalgoorlie se tornou nos anos seguintes a maior produtora de ouro do mundo.