Todos os anos, a cidade de Boston, no estado norte-americano de Massachusetts, celebra no início do mês de abril o feriado do Dia do Patriota, uma data comemorativa que busca relembrar as primeiras batalhas da Guerra de Independência dos EUA, conflito através do qual o território deixou de ser uma colônia da Inglaterra.
As festividades do Dia do Patriota incluem inúmeros eventos tradicionais, entre eles encenações dos confrontos históricos e ainda a famosa maratona de Boston, que conta com cerca de 42 quilômetros de distância. No fatídico ano de 2013, porém, o típico clima de celebração e senso de comunidade desta corrida foi substituído pelo caos e pânico gerados por um ataque terrorista.
Em 15 de abril de 2013, perto das três da tarde, a maratona de Boston foi interrompida por duas destrutivas explosões nas proximidades da linha de chegada, com a segunda detonando cerca de 12 segundos após a primeira. Os dispositivos explosivos consistiam de bombas caseiras escondidas dentro de mochilas em meio à plateia. Elas eram feitas com panelas de pressão e preenchidas com pregos e outros projéteis, com os estilhaços tendo atingido inúmeras vítimas. O trágico atentado deixou 3 mortos e mais de 260 feridos, abalando a população norte-americana e dando um pontapé imediato a uma tensa investigação e posterior caçada policial conduzidas pelo FBI. O órgão policial foi capaz de responder com a urgência pedida pela situação: através da análise de filmagens e fotografias feitas durante a maratona, seus agentes levaram apenas três dias para determinar seus principais suspeitos.
Dzhokhar e Tamerlan Tsarnaev eram dois irmãos de 26 e 20 anos de etnia chechena que haviam emigrado legalmente para os Estados Unidos com sua família quando eram mais novos. Os jovens teriam organizado o episódio de terrorismo doméstico como resultado de sua ideologia fundamentalista islâmica. A parte chocante, todavia, é que eles teriam se convertido às crenças extremas por conta própria, passando por um processo que foi descrito pelas autoridades como de “autorradicalização”.
Suas ideias viriam principalmente do consumo de conteúdos extremistas disponibilizados na internet pela Al-Qaeda da Península Arábica (AQPA). A dupla, no entanto, não possuía conexões com o grupo radical islâmico, tendo agido de forma completamente independente em seu planejamento e execução do bombardeiro da corrida de Boston.
No dia 18 de abril, quando os irmãos Tsarnev foram identificados publicamente como os suspeitos do atentado. Eles acabaram sendo encurralados por oficiais, e, após uma troca de tiros, Tamerlan (o mais velho dos dois) acabou sendo fatalmente ferido. Ele chegou a ser levado para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos. Seu irmão caçula, Dzhokhar, conseguiu escapar, mas acabou sendo capturado no dia 19 de abril, após ser encontrado se escondendo no interior de um barco. O jovem de 20 anos foi condenado à morte em 2015 devido à sua participação no devastador atentado terrorista, com a sentença tendo sido trocada para uma pena perpétua em 2020, e sendo novamente mudada para a pena capital em 2022.
O trágico episódio foi contado no filme O Dia do Atentado, com Mark Wahlberg e Kevin Bacon.