Amistad, época das grandes e imundas navegações

Os navios usados na época das grandes navegações eram verdadeiros lixões flutuantes, pois as precárias condições de higiene da época não tinham possibilidade de se manter as naus limpas. Nos escuros porões dos navios, o espaço era reduzido e o calor, quase insuportável. Alem disso, a água era suja e o alimento, insuficiente para todos. Eram infestados por ratos e baratas que se multiplicavam, sendo esses os locais escolhidos pelos tripulantes para fazer suas necessidades já que o enjôo marítimo dificultava a subida ao convés. Além disso, havia uma moléstia muito comum aos marinheiros chamada de escorbuto, doença causada pela carência de vitamina C, que causava enfraquecimento geral, hemorragias diversas, hálito fétido e inchaço e sangramento nas gengivas.

Os marinheiros precisavam conviver a bordo com os doentes até encontrar um lugar para atracar. O que se fazia com toda essa sujeira? A solução para melhorar o cheiro e condições da embarcação era desinfetar os cômodos à base de vinagre. Devido aos maus tratos e as péssimas condições do transporte, calcula-se que morriam de cinco a vinte e cinco porcento dos negros durante a viagem, sendo que os corpos eram lançados ao mar. Por isto, os navios negreiros eram chamados de “tumbeiros” (palavra referente a tumba) ou “túmulos flutuantes.

No filme Amistad, do diretor Steven Spielberg, baseado em fatos reias, mostra como era a rotina do porão de um navio negreiro no século XIX. Tudo se inicia com a turbulenta jornada marítima na embarcação Amistad que, em 1839, os prisioneiros se rebelam e trucidam grande parte da população e obrigam os sobreviventes a levá-los de volta à África. Muitos negros, dezenas de africanos, foram seqüestrados de seus lares na África para servirem de escravos.

Os negros sonhavam em retornar a África, porem como os líderes da rebelião não conhecem o caminho de volta, mantém dois prisioneiros que devem levá-los de volta. Mas são traídos e acabam na América do Norte. Na costa americana, o navio espanhol é capturado, contendo 53 escravos negros amotinados a bordo. Ao chegar em território americano, eles são levados a um grande julgamento que cria polêmica entre os abolicionistas e os conservadores do país.

Os africanos são inicialmente julgados pelo assassinato da tripulação, mas o caso toma vulto e o presidente americano Martin Van Buren, que sonha ser reeleito, tenta a condenação dos escravos, pois agradaria aos estados do sul e também fortaleceria os laços com a Espanha, pois a jovem Rainha Isabella II alega que tanto os escravos quanto o navio são seus e devem ser devolvidos. Mas os abolicionistas vencem, e no entanto o governo apela e a causa chega a Suprema Corte Americana. Este quadro faz o ex-presidente John Quincy Adams (interpretado por Anthony Hopkins), um abolicionista não-assumido, sair da sua aposentadoria voluntária, para defender os africanos.

Amistad é um filme estadunidense de 1997, do gênero drama histórico, realizado por Steven Spielberg com roteiro de David Franzoni baseado em eventos reais a bordo do navio La Amistad em 1839. Elenco: Djimon Hounsou, Matthew McConaughey, Anthony Hopkins, Morgan Freeman, Stellan Skasgård, Pete Postlethwaite, Nigel Hawthorne, Chiwetel Ejiofor, Anna Paquin, David Paymer, Raazaq Adoti, Tomas Milian, John Ortiz.

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