A Polônia, durante a Segunda Guerra Mundial, contou com um urso como soldado. Sim, um urso. O país havia sido invadido pela Rússia e pela Alemanha, fazendo com que o exército de lá abandonasse Varsóvia, mas continuasse a lutar, ainda que fora de seu país. A Rússia foi posteriormente atacada pela Alemanha e resolveu então libertar alguns de seus prisioneiros poloneses. Esses prisioneiros libertos viriam a formar um novo exército.
Os poloneses recém-libertos foram em direção ao Egito e à Palestina, com a intenção de reunir mais homens e ter pessoal suficiente para lutar contra os inimigos nazistas. Em meio a essa história de guerra, entra o urso.
Os soldados estavam em regiões montanhosas quando se depararam com um menino que encontrou um filhote de urso havia pouco tempo, como a comida estava escassa, o menino concordou em trocar o urso por carne enlatada. O animal foi batizado de Wojtek, que significa “aquele que gosta de guerra”.
Não demorou para que o urso fosse tido como um animal de estimação e, depois, como um soldado. Wojtek foi nomeado, então, membro da Artilharia Polonesa do Segundo Batalhão. Os soldados passaram por locais como Iraque, Síria, Palestina e Egito. O urso estava sempre com eles. Quando ainda era um bebê, o urso foi alimentado com leite condensado, e sua mamadeira era feita com garrafas vazias de vodca, para balancear a alimentação, Wojtek comia muitas frutas também, além de mel. Depois, o soldado começou a comer alimentos mais sólidos. Quando ficou adulto, bebia cerveja, o que se tornou a bebida favorita do ursinho. Wojtek também fumava e comia alguns cigarros.
Apesar desses hábitos de vida meio errados, o urso cresceu bem, alcançou quase dois metros de altura e chegou a pesar 219 quilos. Entre os passatempos favoritos de Wojtek estavam brincadeiras como cabo de guerra e lutas. A interação do urso não acontecia apenas com os soldados, mas também com animais. Seu melhor amigo era um Dálmata, pertencente a um oficial inglês. O problema de Wojtek eram os cavalos, de quem já tinha levado alguns coices durante tentativas de aproximação.
Seu trabalho de fato começou na Palestina, quando ele ajudou a capturar um ladrão de munição, a tarefa foi relativamente simples, já que Wojtek dormia no depósito quando o homem entrou para roubar alguns itens e foi surpreendido por um urso chateado. O bicho foi presenteado, na ocasião, com uma garrafa de cerveja.
Em 1944, quando os soldados iriam para Nápoles, foram impedidos de embarcar no navio com Wojtek. O problema foi resolvido, contudo, com a compra de uma passagem para o urso, que, a essa altura, já sabia fazer o sinal de saudação dos soldados. Quando chegaram a Nápoles, os soldados poloneses tiveram que se apresentar e o urso causou grande espanto. Não demorou para que todos entendessem que Wojtek era muito mais que um mascote, até porque, durante uma série de assaltos que ficou conhecida como “Batalha de Monte Cassino”, o urso foi de grande ajuda, afinal, ele havia sido treinado e carregava materiais pesados.
Depois da batalha, uma medalha do urso ajudando a carregar peso foi feita em sua homenagem, tornando-se o brasão oficial do batalhão polonês, a imagem era usada em veículos, bandeiras e uniformes. Com o final da guerra, muitos soldados poloneses ficaram abrigados na Escócia por algum tempo e depois retornaram para suas casas. Wojtek ficou em um zoológico de Edimburgo, onde se tornou uma atração famosa e recebia constantes visitas dos amigos poloneses. O urso soldado morreu aos 22 anos, em 1963.